Carpinteiros do Universo

O Retorno do Carpinteiros do Universo

Inaugurei o Carpinteiros do Universo este ano. Mas. infelizmente a vida virou do avesso e não pude mais retornar. 2024 foi um ano reviravoltas que na maior parte do tempo me senti andando de montanha russa desacompanhada pelo cinto de segurança.

Para quem está acompanhando o meu trabalho já sabe um pouco sobre este ano. Para quem está chegando agora seja bem-vindo. Se gostar do nosso conteúdo peço que deixa comentários e nos siga no Instagram através do @AlmaColorida27. Pode compartilhar a vontade o nosso Blog e os conteúdos .Aqui é um espaço criado para que as pessoas possam se sentir compreendidas em suas singularidades. Para quem sabe eu possa adentrar com gentileza o seu mundo interno provocando alguma sensação que sopre ventos de mudanças.

Para falar de 2024. Eu Bruna Girardi Dalmas sofri diversas metamorfoses ao longo deste ano. Comecei o ano ainda enfrentando um tratamento de saúde mental que me deixou fora no mundo da escrita. Faz poucos meses que estava a deriva de mim mesma. Longe de tudo aquilo que deixa a minha alma repleta de cores bonitas. Afastada do que nasci para fazer e ser. Foram cinco anos sem redigir uma palavra que pudesse compor nem que fosse um simples verso. O meu lugar dentro da psicologia também tido sido deixado de lado. Era um momento em escalas de cinza, tentava apenas sobreviver.

Durante um bom tempo a procura por respostas foi um se deparar com tanta desinformação que gerou uma espécie de caos interno. Combinado com diagnósticos errados, tentativas de ajuda que falharam e uma infinidade de remédios que apagaram a minha criatividade. Complexo se enxergar no espelho através do que os outros dizem. Mais ainda quando já não conseguia se enxergar por inteira, eram apenas restos fragmentados. O sentimento era ser como uma usina que produzia escombros. Algumas memórias pareciam ter se perdido para sempre. Na maior parte do tempo era apenas tentar fazer passar os dias sem tentar compreender que havia uma peça faltando.

Apenas em fevereiro de 2024 as paletas sombrias demais começaram a se dissolver. A chegada de uma notícia que poderia mudar o curso da história. A boa e decisiva virada de chave veio no dia 24 de Abril. Até lá a alma estava fechada para balanço sem perspectivas de retorno. Ao mesmo tempo que nada parecia de fato funcionar. Eram apenas tentativas em forma de placebo. Algumas estratégias mascaravam o que parecia real por um tempo curto demais. Até que um jovem médico dedicado em escutar sem julgar. Paciente o suficiente para não sair tomando conclusões precipitadas. Empático ao entender que na realidade não havia nada de errado comigo.

Eu era fruto da incompetência médica e o de descaso de outros profissionais. Anulada para que o que eu realmente era. Já que dá trabalho lidar com algo complexo. Mais penoso ainda escutar uma paciente sem sair receitando qualquer coisa. O efeito de tantas substâncias dentro da minha mente faziam que tudo fora e dentro parecesse apenas um filme no automático. A realidade já não me atingia com intensidade e o que se passava dentro estava tão anestesiado que era como apenas entorpecer. Foi quando ouvi as palavras que definiriam o meu destino. Não eram uma condenação e nem uma sentença. Era a minha carta de alforria para finalmente depois de trinta e poucos anos ser o que nunca pude ser autorizada a ser.

Seria eu mesma e isso era deliciosamente provocador e ao mesmo tempo assustador. Foram tantos anos negando a minha personalidade. Toda vez que era submetida a conviver eram tantos personagens, roteiros mentais para apenas tentar minimamente socializar. Agora uma palavra nova era inaugurada. Mal sabia da importância que ela se tornaria ao passar dos meses. Não fazia a menor ideia que ela iria virar lugar de fala, pertencimento e até mesmo militância. Na minha carta estava escrito Espectro Autista. Todos os sofrimentos para tentar se enquadrar tinham nome e sobrenome. Não era uma doenças, muito menos uma deficiência. Nem um enlouquecimento, era um propósito e dali iria desenhar um destino.

Estar dentro do Espectro Autista faz que as peças do quebra cabeça possam ser encaixada. As memórias possam retornar sem medo do julgamento. A criação de novos repertórios será possível. Mas tudo que eu mais queria era poder voltar para casa. Sentia falta todos os dias de ter a minha mente de volta. Me apoderar da minha criatividade. Ter a consciência que a minha arte não era fruto de um desatino. Era era o meu passaporte para a longevidade. Foi natural como se a medida que os remédios errados foram saindo, as ideias foram brotando. Quando dei por mim estava cercada novamente de projetos.

Era hora de recomeçar o meu doce e necessário lugar preferido. O retorno do Carpinteiros é mais que poder ter um site bacana, organizado e accessível para os meus leitores. Mas é poder dizer que estou de volta agora sendo exatamente a minha melhor versão.

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