Abril Azul- Mês de Conscientização do Espectro Autista

 O dia 2 de abril foi escolhido pela ONU( Organização das Nações Unidas) como o dia de conscientização do Espectro Autista.

Diferente de outros transtornos,o Espectro Autista não possuiu características que podem ser identificadas pelo olhar. Por isso, é considerado uma deficiência invisível. O que compromete o entendimento das pessoas neurotípicas, ou seja, que estão fora do  Espectro Autista.  Muitos Autistas como eu que estão dentro do nível I possuem autonomia e conseguem exercer suas funções dentro da sociedade e muitas vezes os sintomas passam despercebidos. Muitas vezes por serem mais sutis ou estarem mais dentro do campo mental.

Existe a classificação do Espectro Autisra em três níveis. O nível I é considerado o mais “leve”, ou seja, passa mais despercebido pela sociedade neurotípica. O nível II,  percebido como moderado, precisa de mais rede de apoio e suporte, pode ser mais identificado e portanto mais diagnosticado. O nível III  é considerado o mais grave, frequentemente é o mais percebido pela sociedade. Composto por pessoas que precisam de mais suporte, rede de apoio e suas características são mais evidentes como estereotipias, movimentos repetitivos, atrasos no desenvolvimento e um número maior de crises que leva a desorganização.

Importante ressaltar alguns pontos. Todos os níveis de autismo estão dentro do Espectro Autista. Uma pessoa que está no nível I não é menos autista do que uma pessoa que está no nível II. Assim como uma pessoa que está no nível III não é mais autista por ter sintomas mais graves. Todos os sintomas do Espectro Autista aparecem em maior ou menor grau, com menor ou maior frequência em todos os níveis.  Independente do nível que a pessoa esteja, todos são Autista.Todos dentro do Espectro podem ter crises, se desorganizar e precisarem de suporte. Da mesma forma podem se desenvolver, exercer funções dentro da sociedade e evoluir de acordo com as suas habilidades e potencialidades. Tudo vai depender de fatores importantes como acesso às redes de saúde mental, estimulação precoce, rede de apoio saudável, entre outros fatores que são importantes para a evolução de cada pessoa dentro do Espectro Autista.

O que vai determinar este progresso é entender que cada pessoa dentro do Espectro é única. Um ser singular portador de uma história única, personalidade  e características que são só suas  Com isso terão o seu tempo próprio para progredir. Um dos maiores equívocos de pessoas neurotípicas é suporem que por todas as pessoas estarem dentro do Espectro elas acabam sendo iguais. Isso gera desinformação, preconceito e até mesmo um atraso no desenvolvimento de pessoas dentro do Espectro Autista.

A  área da saúde mental, educacional, mídias e demais espaços dentro da sociedade estão avançando para que o Espectro Autista possa ter mais visibilidade. Projetos de conscientização importantes como a criação do Abril Azul. Mas o importante não é conscientizar apenas em um determinado mês, mas seguir encontrando recursos que possam facilitar a vida das pessoas dentro do Espectro Autista. Há muito que se avançar em termos de inclusão, ciência, leis, projetos sociais e tudo que possa descortinar os preconceitos em relação ao Espectro Autista.

O lado bom  de ter um mês dedicado para a causa do Espectro Autista  é lembrar a sociedade neurotípica que pessoas ditas invisíveis devem ter seus espaços de fala e atuação. Importante ressaltar que a palavra Espectro significa que nenhum autista é igual ao outro e cada um representa  uma diversidade do transtorno de forma singular. Por mais que haja características parecidas, cada um irá experienciar o mundo e aprender com ele de forma totalmente singular.

O meu objetivo neste mês é conscientizar e trazer materiais informativos e também relatos pessoais a respeito do Espectro Autista,também tecer um olhar atento e preocupado para as meninas e mulheres dentro do Espectro Autista. Já que a grande maioria está enquadrada como um autismo mais “leve”,  com um grau mais baixo de suporte. Muitas vezes não se encaixam em nenhum estereótipo, enfrentam mais dificuldade para conseguirem seus diagnósticos e por consequência um tratamento adequado.

Hoje, sabemos que há três meninos para apenas uma menina diagnosticada com autismo de acordo com os dados do CDC ( Centers for Disease Control and Prevention, Centro de Controle  e Prevenção de Doenças no EUA). A taxa de autismo em todo o mundo é alta e a falta de compreensão têm um tremendo impacto sobre as pessoas e a sociedade como um todo. Acredito que além de ainda termos que avançar em termos de estudos científicos para compreender melhor o Espectro do Autismo principalmente dentro do público feminino.

As pessoas neurotípicas têm a tendência de julgarem o que não compreendem. Somando a perspectiva do Espectro Autista ser um transtorno com questões invisíveis, ou seja, muitos sintomas nos cenários mentais, passam despercebidos para quem observa de fora. Por isso, um dos meus papéis como mulher autistaé exercer  os meus dois lugares de fala na sociedade tanto na arte da escrita quanto da escuta, preciso elucidar tudo que parece abstrato e causa prejuízos na vida das pessoas dentro do Espectro Autista. 

A única forma de gerar conscientização é através do conhecimento. Essa é a ferramenta mais poderosa para poder derreter nem que seja a conta gotas qualquer questão de preconceito.

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