
Olá, quanto tempo. Foi complicado retornar, a vontade de escrever sobre tudo é enorme, ao mesmo tempo uma dificuldade de conseguir digerir a realidade.
A realidade externa caótica causa rombos na de dentro. Para quem chegou agora, não deve estar entendendo muita coisa. Sou natural de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Um estado repleto de cartões postais alagados. A crise climática bateu na nossa porta arrastando tudo que encontrasse pela frente em uma enchente histórica. Superamos as marcas de 1941 quando a cidade ficou submersa.
Oitenta e três passaram, parece que retrocedemos. Estamos falando de uma tragédia anunciada. Muito mais do que a natureza prestando contas é o descaso desmedido de pessoas de ego inflados. O capitalismo que impera, os cargos ocupados que pensam apenas em lucrar, conseguir votos e deixar tudo aparentemente funcionando. Mas quando o caos tomou conta de cada cartão postal agora em escombros, em lama ou de nada restou.
Vivemos muito mais do que uma crise climática, vivemos uma tragédia anunciada. Leis ambientais não rendem votos. Pautas que envolvem conscientização para o meio ambiente nem estão na pauta. O que importa são os lucros, o imediatismo e a aparência. Pouco importa pensar nas consequências, criar projetos de preservação ou estratégias eficazes.
Os cartões postais alagados do meu Rio Grande do Sul agora submersos em um mar de lixo, lama e impunidade. Recomeçar talvez seja um caminho, mas como isso será possível com quem perdeu não apenas bens materiais, mas a suas memórias.
