Carpinteiros do Universo

Retrospectiva 2023

Nem Salvador Dali poderia descrever o ano de 2023. A retrospectiva do Carpinteiros do Universo irá se deter nos acontecimentos da minha jornada. Na maior parte do tempo me senti sendo arremessada de disco voador em meio ao caos se instaurava lá fora. Por outra perspectiva, tentava orgnanizar os impactos provcados pelo meu mundo interno. Nesta mistura insana me senti andando de montanha russa sem cinto de segurança. Vamos passear por cada mês, vem comigo.

Janeiro começou de uma forma deliciosa. Recém tinha adotado a minha sexta felina, Rita Lee. A gata calíca, uma neném doentinha abandonada em um terreno baldio. Nem que ela tivesse vindo dentro da minha barriga seria tão parecida. Estrábica, com pouca visão no olho direito como eu. Sem falar da personalidade determinada, feminista, agitada e caótica. A pequena felina trouxe alegrias e traqiinagens para seus cinco irmãos. Por coiscidência adotei ela dia 29 de Dezembro e a sua musa inspiradora comemorava suas primaveras no dia 30. Até isso temos em comum o signo de capricórnio. Este mês também começou triste, lamentável para o meu querido Brasil. Mais uma vez a nossa democracia foi atacada de forma covarde e criminosa. Vi tantas pessoas próximas apoiando, tive que fazer de cara mais uma seleção nos meus contatos. Se 2022 já tinha sido marcado por uma catástrofe da dissiminação das noticías falsas. dos ódios instalados por motivos tão diversos que pouco fazem sentido, iniciar mais um ano com cenas de uma verdadeira barbérie é totalmente revoltante. Em termos do meu mundo interno me sentia ainda entopercida, distante de tudo, mas algo meio intuitivo me fazia acreditar que ventos novos gerarariam mudanças.

Fevereiro chegou e com ele já tinha 33 primaveras. Pensava que era tempo demais andando em círculos. Fazia cinco anos que tentava acreditar no que me diziam, mas algo precisava de forma urgente recalcular a rota. A descoberta veio do nada como a maioria das coisas da minha existência. Uma mistura insana de aleatórios que vão tecendo novos acasos. Troquei de médica, pela primeira vez alguém me escutou sem sair mudando doses ou simplesmente finalizando a consulta em menos de dez minutos. Ela parecia de fato interessada em descobrir o que acontencia no meu mundo interno e como depois de tanto tempo as minhas principais queixas perrmanenciam. Foi então que ela trouxe a minha mãe para uma entrevista sincera, remontamos a minha linha do tempo. Listamos os principais eventos da minha trajetória, os pontos de maior vulnerabilidade e alguma perspectiva começou a ser desenhada no meu horizonte achatado e acinzentado. Eu que já tinha trazido tantas vezes para os meus médicos quanto para os meus psicólogos que algo do Espectro Autista poderia estar dentro do meu mundo interno. Afinal além de escritora, sou psícologa, estudo, leio e tenho uma prática dentro da psicologia clínica. Todos os caminhos desde muito tempo, até antes de ingressar na área da saúde já me indenticava. Na maior parte do tempo achava apenas que eu era uma guria estranha, mas com o tempo querria acreditar que tinha uma explicação. Talvez tenha haver com minha mente inquieta, com a minha mania de não se conformar com mentiras confortáveis e placebos.Afinal essa tal de bipolaridade me deixa tão entopercida que sentia a realidade anestesiada.

Março chegou como uma corrida para encontrar um local que pudesse realizar uma avaliação correta para o Espectro Autista. Foi o primeiro grande obstáculo do qual nos deparamos nessa nova etapa. A maior parte dos locais trabalha com crianças e poucos atendem adolescentes. Por ser um Espectro que exige uma série de avaliações, o diagnóstico pode se tornar complexo. A medicina está começando a tatear e trazer a tona que o diagnóstico mesmo que pareça tardio salva vidas, muda o rumo da história dos pacientes, traz conforto e respostas. Eu queria uma explicação e mais do que nunca saber quem verdadeiramente sou. Tinha que ter um sinal que todas as minhas inseguranças poderiam ter um tratamento, uma explicação ou quem sabe alguma estratégia para enfrentar a realidade interna de forma mais saudável que n]ao entrasse em colapso com o que se passsava dentro do meu mundo interno. O mais legal deste mês dedicado as buscas incessantes, descobri que a minha rede apoio estaria preparada para passar qualquer perrengue ao meu lado. Minha mãe que há muito tempo já estava inconformada com a falta de empatia e profissionalismo daqueles que deveriam zelar pela minha saúde, pouco faziam caso ou debochavam do que eu passava. Acho que essa incomformação somado com o lado leoa deixou a minha mãe talvez mais animada do que eu mesma pela procura de respostas. Meu pai por mais que a nossa história foi permeada por alguns contratempos,sei que ele estaria ao meu lado e mesmo que não compreendesse tudo, o amor que ele sente por mim direciona tudo. O meu grande amor, meu melhor amigo como sempre eseve junto em todas as etapas. O tipo de relacionamento que se fortalece nas crises, encontra caminhos em meio ao caos e segue sempre lutando.

Foi dia 24 de Abril que o curso da minha história traçaria um novo destino.Até este momento minha jornada parecia aqueles livros de mil triologias repletos de enrolações e dias iguais que demora para chegar no ápice. Mas quando este chegou houve todos os elementos que deixariam o leitor vidrado nas páginas que viriam. Encontramos um médico que tem como sentido de vida transformar vidas. Dedicado na causa do Espectro Autista estava disposto a fazer o que a maior parte não faz. Escutar sem julgar. acolher para formar laços e tecer vínculo através do afeto. Naquelas duas horas ao lado dos meus pais traçamos uma nova rota com nome e sobrenome. Me senti assinando a minha carta de alforria, estava sendo autorizada a ser eu mesma. Sem camuflar sentimentos, sem inventar personagens, parar de sobreviver a aprender a viver. Tudo o que sentia e não tinha nome ou era distorcido por tantas outras coisas, tinha uma explicação. O mais interessante é que não é um problema. Não é uma deficiência. Estar no Espectro Autista é uma forma diferente de apreender o mundo. Foi a primeira vez que as minhas estranhezas também foram nomeadas como altas habilidades e altas funcionalidades. Por mais que houvesse uma infinidade borboletas no meu estomâgo pela primeira vez na vida a minha alma não tremeu de medo frente ao desconhecido. Estava com sede de embarcar nesta nova viagem. senti o meu chamado me convidando a mudar o rumo da minha prosa.

Em Maio os remédios que envenenaram a minha alma e apagaram por tempo tempo demais o que nasci para ser foram sendo elimianados. A medida que o meu corpo ia desintoxicando, sentia uma erupção esquisita e ao mesmo tempo deliciosa dentro da minha mente. Uma consquinha invandindo o mundo das minhas ideias, como tudo da minha arte floresce do nada. De um dia para o outro como em um passo de mágica, o Instagram Alma Colorida surgiu primeiro sem roteiro ou planejamento. A única coisa que eu tinha consciência era que não poderia guardar a minha história em uma estante. Precisava falar sobre saúde mental e principalmente trazer luz para outras pessoas dentro do Espectro Autista. Dar voz aos adultos e principlamente para as meninas que assim como eu poderiam estar sofrendo por diagnósticos errado, afetos bizarros, falta de imformação, preconceito ou abandono. Quantas poderiam estar a deriva de si mesmas e muitas vezes com os pensamentos abarrotados como os os que tive tantas vezes por medos absurdos. Muitos deles ganham voz dentro da gente levando a destruição, muitas vezes pode ser tarde demais. Sobrevi até os 33 mesmo tomada de cicartrizes invisíveis e visíveis, mas decidi que a partir de agora elas seriam codjuvantes, melhor figurantes. Iria flor e crescer a partir do caos, mesmo sem saber queria voltar para casa, a escrita.

Junho veio com mais uma noticía extraordinária que daria mais foco, gana e desejo de continuar lutando pela causa do Espectro Autista. O meu melhor amigo, meu companheiro de vida também está dentro do Espectro. Nos tornamos não só um casal, mas um casal que nunca tocará baixo. Podemos ajudar outros essoas a fim de mostrar para essa sociedade repleta de mentes quadradas que é possível sim o amor permenecer mesmo no que parece ser adverso. Estar dentro do Espectro Autista não nos limita, o que nos achata é a ignorãncia. A partir deste ponto possso dizer que sim haverá preconceitos, rede de apoio inexsiste ou falha, mas quando a gente diz sim para alguém é uma afirmativa para tudo o que vier. Descobrimos a força que existe dentro da nossa família, afinal além de casados, melhores amigos, somos a nossa própria família. Que bom que podemos contar com as pessoas que por mais que não compreendam tudo nos amam de forma incondicional. Formamos uma rede de apoio tão forte com os meus pais que nem a dor de uma possível despedida será capaz de desfazer o laço formado de uma vontade genúina de revolucionar. A minha militância pelo Espectro Autista repercurte nas pessoas que me apoiam e para aquelas que acham que os seus deboches afetam, devolvo com informação e conhecimento.

Julho veio com uma nova imagem refletida no espelho. Estranho se ver nua depois de tanto tempo, meu corpo havia elimando os remédios e foi inagurado uma espécie de portal mágico. Tudo que disseram que era fruto da minha bipolaridade repletra de episódios maníacos era a minha criatividade querendo ganhar espaço. Ela retornou com uma força estranha e ao mesmo tempo vital. Livros engavetados retornararam. Projetos arquivados começaram a ganhar planos. A inspiração do dia a dia que sempre foi o maior combustível retornou. A sensação de voltar para a sua matriz deixa a alma submersa em tantas cores bonitas que vão formando um emaranhado de memórias. Algumas recuperei, outras criei novos siginicados, mas eu quero mesmo é inaugurar novinhas em folha.

Agosto veio com a possibilidade de estar retornando para a minha segunda casa. Sem saber que tinha o desejo de retornar de forma integral para a psicologia, mas precisava entender qual seria o meu papel. Agora não seria apenas um trabalho, mas sim uma projeto social. Dedicar a minha escuta clínica para a escutar e dar sentido de vida paras as pessoas dentro do Espectro Autista. Principalmente conseguir tecer pontes que gerem saúde mental para meninas que assim como eu foram massacradas ao longo do tempo. Quero poder trabalhar com potenciais, descortinar medos, sonhar junto, tecer laços, descobrir talentos e quem sabe poder mudar o mundo. Para quem acredita que nada é impossível sei que há meninos e meninas estranhos como eu a espera de uma virada de chave.

Setembro foi uma delicía e uma surpresa. O meu desejo de retornar ao mundo da escrita trouxe a curiosidade conhecer pessoas que também tem paixões em comum. Ingressei no coletivo feminista Escreviventes, com ele descobrir mulheres incríveis que resistem através da arte. Seja ela em verso, dedilhada, crônicas, contos e da maneira que for. O essencial é a sororidade e a capacidade de criar pontes a fim de que através da arte possamos gerar revoluções. Destes encontros fantásticos veio o convite para a oficina literária que mudaria o curso das história mais uma vez. Me tornei uma memoraliasta, conheci pessoas que me indenfiquei de cara. Um espaço que tece não só a escrita criativa, mas oferece uma possibiidade de imersão pela nossa história pessoal. O que gera um acomodar e desacomodar de lembranças que reconstroí memórias e cria legados.

Outubro encontrei um lugar colorido na estrada chamada espiritualidade. Empenhada em continuar estudando a doutrina espiríta que me torna todos os dias protagonista da minha história. Uma das maiores lições é compreender que a nossa jornada será mais edificante quando há comprensão que precisamos compartilhar nossos saberes. Foi assim que ingressei na evangelização, espaço para ensinar para os pequenos e para os adolescentes os valores da vida. Educar para amar as pessoas, o planeta, os animais e o mundo; Trabalhar essas faixas etárias sempre foram um plano que se concretiza em vário espaços. A minha criança interior encontrou a liberdade e agora quer brincar sem medo do julgamento.

Novembro vieram os encontros e desecontros. Nesta saga por encontrar a mim mesma, tive que ir embora as pressas. Me asfastei não só do meu lado, mas de tudo que amava. Rompi com pessoas importamtes, o isolamente deixa marcas, mas que bom que algumas reviravoltas acontecem para que a gente possa semrpe recomeçar; Reemcontrei pessoas, teci amizades, construi parcerias e descobri que alguns vínculos se transformam e outros devem ser rompidos. Quando a gente muda, algumas coisas se perdem e outras ficam ao lado do camimho. Eu que não gosto de despedidas, prefiro deixar tudo em reticências. O que deixa a minha alma nublada se tranforma em inspiração.

Dezembro parece que maratonei uma longa série ao longo deste meses. Renasci, me reencontrei e tracei um caminho. Os medos absurdos ainda existem., mas já nãou sou refém. Tristezas agora são visitas já não mais cativas. A estrada agora de tijolos multicoloridos ganha novos tijiolinhos todos os dias afinal a minha jornada é eterna construção. Encerro o ano com uma vontade danada de viver, revolucionar a partir das ideias e resistir através da arte. Pode ser que o meu amigo tenha razão, eu faço politíca de alguma forma. Já que as minhas causas não são minhas, luto pelos ditos invisíveis e estranhos. Termino este ano com uma saudade imensa da Rita Lee. Com o coração repleto de sentimentos, peito aberto para o novo e a mente sempre a procura de uma nova inspiração.

Bem- vindo 2024 que venham 2024 infinitas possibilidades de recomeços.

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